Ninguém sabe ao certo o que vai acontecer quando a pandemia causada pelo Covid-19 acabar, mas todos têm a mesma dúvida: o home office e o trabalho remoto vieram para ficar?
Segundo pesquisas realizadas pela FIA, aproximadamente 47% das empresas no Brasil adotaram modelo de home office e trabalho remoto desde fevereiro de 2020.
De todas as empresas que adotaram esse modelo, mais de 50% são provenientes de hospitais e indústrias.
Mas isso não significa que tenha sido um processo simples para as empresas. Na verdade, essa pandemia pegou todos de surpresa.
Os números mostram que mais de 65% das empresas tiveram bastante dificuldade para implementar um sistema de home office e trabalho remoto para os funcionários.
O maior problema? Dificuldade por parte dos funcionários de se familiarizar com um ambiente virtual, e dificuldade por parte das empresas em implementar um sistema que funcionasse bem.
Por outro lado, de todas as empresas que implementaram esse sistema, quase metade afirmou que os resultados esperados foram alcançados e as expectativas foram superadas.
Ao mesmo tempo, 35% das empresas que adotaram esse modelo disseram que não querem manter esse sistema de trabalho após a pandemia.
Isso significa que 65% das empresas que migraram para home office para fazer trabalho remoto estudam a ideia de manter esse modelo.
Afinal, perceberam que é mais vantajoso tanto para o funcionário, que tem uma melhora na qualidade de vida e consequentemente produz mais, quanto para as empresas, que podem enxugar vários custos.
Então, fica a questão: home office e trabalho remoto vieram para ficar ou não?
É isso que você vai conferir no post abaixo. Boa leitura!
O que será do home office e trabalho remoto no período pós-pandemia?
Um dos efeitos mais práticos da pandemia foi a alteração no sistema tradicional de trabalho, onde o funcionário agora pode trabalhar em casa sem precisar bater ponto na empresa.
Se por um lado em um primeiro momento as empresas se viram forçadas a implementar um sistema de home office e trabalho remoto, por outro, com o passar dos meses, os dois lados perceberam como isso pode ser muito mais vantajoso em longo prazo.
Alguns dados coletados pelo IBGE apontaram que em maio quase 9 milhões de brasileiros mudaram o sistema de trabalho para home office.
Algumas empresas até já se posicionaram sobre o assunto, como o Banco do Brasil e a Petrobrás, afirmando que uma porcentagem dos trabalhadores continuará fazendo home office mesmo após a pandemia passar.
Inclusive, algumas empresas estão até mesmo se movimentando para deixar o escritório para trás e trabalhar em casa ou em coworkings.
Mas aí fica uma dúvida: a lei permite isso?
A legislação brasileira só se refere ao teletrabalho, e não necessariamente ao home office.
Até porque, as duas coisas não são necessariamente iguais perante a lei.
Por conta disso, sindicatos até estão movendo ações para pedir alguma compensação por conta dos investimentos que foram forçados a fazer para melhorar a estrutura para os funcionários, fosse por conta de gastos energéticos ou até mesmo pela compra de equipamentos.
Por conta da pandemia, várias empresas adotaram a MP927 criada para flexibilizar algumas leis de trabalho, já que a pandemia impossibilitou que as pessoas pudessem trabalhar normalmente durante algum período.
Só que ela ainda não foi renovada, e provavelmente não será, porque sequer foi colocada em votação pelo Senado.
Como as empresas precisam se preparar agora?
Essa MP possibilitou que várias empresas pudessem fazer os ajustes necessários para manter os funcionários ao invés de haver demissão em massa.
Só que se essa MP se tornasse permanente, ela não serviria mais, já que ela desobriga as empresas a cumprirem algumas leis previstas na CLT.
Nesse caso, se uma empresa quiser manter o modelo de home office e trabalho remoto, será necessário seguir a CLT e fazer um aditivo de contrato.
Assim, ela estará cumprindo a lei e vai manter o acordo com os funcionários, evitando conflitos entre ambas as partes.
Esse aditivo serve justamente para que o funcionário possa trabalhar legalmente em casa, ou até mesmo em uma sala dentro de um coworking.
Aliás, quem faz home office e trabalho remoto pode aproveitar toda a estrutura que um coworking tem para manter a alta produtividade.
Esse aditivo ao contrato é que vai prever se as empresas vão precisar custear algumas coisas, como o uso de equipamentos em casa ou até o aumento do gasto energético, que aumento de modo geral durante a pandemia já que as pessoas não podiam sair de casa.
As empresas também devem se atentar aos direitos dos funcionários como vale transporte e vale alimentação.
No caso do vale transporte, é preciso avaliar se o funcionário vai cumprir tempo integral em casa ou não. Caso sim, não é necessário pagar o vale transporte.
O mesmo serve para o vale alimentação, a não ser em casos em que há um acordo coletivo com os funcionários.
O que muda com o home office e trabalho remoto em relação à CLT?
Se você pretende migrar o seu trabalho para home office, saiba que a CLT prevê duas alterações nas leis:
- Primeiro, o funcionário está dispensado do controle da jornada de trabalho, mas isso pode afetar as horas extras e consequentemente o salário;
- O trabalhador também fica liberado de tomar medidas de segurança para o trabalho.
No primeiro caso, não significa que o funcionário precisará trabalhar muito mais horas do que trabalharia dentro da empresa, mas o controle muda.
Portanto, sim, isso pode afetar a questão da hora extra. Em teoria, a CLT não prevê hora extra para quem trabalha em casa.
Porém, se a empresa continuar mantendo um controle rígido, é necessário fazer um acordo para que o funcionário possa continuar fazendo hora extra.
E isso é bem simples de resolver: basta que a empresa implemente um sistema online para login e marcação de ponto remoto.
Claro que ainda não sabemos como isso será feito na prática, e como as empresas vão encarar essas mudanças.
Mas isso só saberemos daqui alguns meses, quando a pandemia de fato terminar. Provavelmente, em 2021 teremos uma resposta definitiva sobre o modelo futuro de trabalho.
Conclusão
Recentemente, alguns sindicatos no Rio de Janeiro entraram com uma ação para que empresas como a Petrobrás passassem a arcar com as despesas dos funcionários.
Essas despesas incluíam até mesmo o pagamento da internet dos funcionários.
Essa limiar foi cassada, mas abre precedente para que outras empresas no Brasil passem pelo mesmo processo.
Nesse caso, ela foi cassada porque ela previa o pagamento para mais de 16 mil funcionários, o que aumentaria muito os custos da empresa.
Mas ainda não sabemos como isso poderá se refletir para empresas de pequeno e médio porte.
Esse é um risco que as empresas correm caso não façam os aditivos de contrato, entrando em um acordo comum com os funcionários.
Por isso, se você estiver se sentindo em desvantagem, a dica é: entre em contato com a sua empresa, com o setor de RH, e converse antes de tomar qualquer atitude.
Às vezes, uma simples conversa é o suficiente!
E você, o que acha sobre a tendência do home office e trabalho remoto para o ano que vem?